A preocupação com o meio ambiente é cada vez maior, mais discutida e estudada. Viabilizar novas formas de produção e materiais que sejam sustentáveis é um desafio para profissionais de todas as aéreas. As tragédias que marcaram esse começo de ano são exemplos alarmantes de que é preciso renovação – tanto nas ideias quanto nas atitudes.
E o skate saiu na frente mais uma vez. Depois de voltar de uma viagem da Califórnia, o designer carioca Henrique Monnerat teve seu carro arrombado e o skate novinho que tinha trazido de lá, roubado. Henrique, que tinha acabado de entrar para o curso de Desenho Industrial na UERJ resolveu experimentar criar seu próprio skate, bem simples: pegou um compensado, fez uns ajustes (colocou o truck mais a frente) e foi para a pista. Os amigos testaram e aprovaram a criação de Henrique, mas não imaginavam que aquele seria o primeiro protótipo de uma obra-prima.
Naquele mesmo ano (2002), por causa de uma matéria da faculdade, Henrique teve que criar uma marca, a qual nomeou de Letsevo, e um produto, daí surgiram novos shapes.
A belezinha
Em 2003, quando foi para a Alemanha terminar o curso, além de aperfeiçoar o projeto, fez o site da marca. A idéia era dividir o que ele achava de interessante, tanto na parte de esportes como na de design: “[a criação o site] foi para abrir o espectro, colocar mais essas coisas relativas a essa área”. Em 2006, durante um workshop de design que a UERJ promoveu, Henrique conheceu os meninos da Fibra Design, que também cursaram design industrial e estavam estudando materiais sustentáveis. Henrique propôs uma parceria.
Junto com a Fibra, decidiu se dedicar a estudar formas de produzir um carrinho que fosse menos prejudicial ao meio ambiente. Testou diversas combinações de materiais até chegar a um shape resistente e que utilizasse madeira reflorestada, composto por lâminas de bambu e pupunha. O projeto recebeu o nome de ECOSK8.
Nasceu então o Folha Seca. O skate recebeu esse nome justamente por ter o formato de uma folha. Em 2008, Henrique abriu um blog para transformar o site da marca em uma plataforma social, onde todos simpatizantes e apoiadores do projeto pudessem acompanhar as novidades do projeto. No mesmo ano, o folha foi escolhido como finalista do Volvo SportsDesign Awards – que tinha como tema “ecodesigns”.
O folha seca está pronto para ser produzido. O maior problema, no entanto, está sendo encontrar um fornecedor em grande escala de bambu. Henrique conta que “se quisesse, poderia muito bem encomendar as lâminas da China”, mas a intenção é que seja produzido no Brasil, pois assim “seria realmente sustentável, trazendo benefícios econômicos para a sociedade brasileira”. Enquanto isso, os fãs do folha seca do orkut aguardam ansiosos pelo início da sua comercialização.
Agora que está de volta ao Brasil, Henrique pretende se dedicar mais ao projeto e na busca de parceiros para a produção do folha. E diz que, mesmo diante de algumas dificuldades, enxerga o país com outros olhos: “a cena [de sustentabilidade] está sendo criada”. E para estimular ainda mais essa cena, ele disponibilizou no site da marca um template com as medidas do Folha para que artistas criem artes que, no futuro, se escolhidas, terão sua parte de lucro remetente ao copyright.
Fonte: Projeto Na Rua
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