A pupunheira é palmeira nativa da Amazônia, com palmito comestível de boa qualidade (cujo valor nutritivo limita-se à fibra). O agronegócio baseado em sua exploração é novo, mas a pupunha é cultivo antigo na região, com início provável de domesticação há 10.000 anos, quando povos nativos iniciaram-se nas práticas da agricultura.
A pupunha daquela época tinha frutos pequenos e oleosos, e madeira dura, útil para fabricar armas de caça, ferramentas e moradias. Era provavelmente rara na floresta densa, ocorrendo em pequenas populações em áreas abertas por perturbações naturais, ou nas florestas de transição entre a floresta densa e os cerrados. A espécie deve ter sido usada a princípio por sua madeira, depois por seus frutos ricos em óleo. Por ser útil, suas sementes devem ter sido plantadas perto dos acampamentos, onde a domesticação começou.
Ao longo dos milênios de domesticação ocorreram alterações na forma de utilização da espécie, bem como na importância relativa de seus produtos. Na época da Conquista (Século XVI), a pupunha foi importante fonte de amido, talvez tão importante como o milho e a mandioca em alguns locais. As populações domesticadas começaram a se adaptar melhor aos sistemas agrícolas e agroflorestais e aos jardins caseiros nas aldeias indígenas. Isso fez com que a pupunha seja hoje uma planta bem adaptada tanto a plantios familiares tradicionais, quanto à moderna agricultura de altos insumos.
Sendo nativa da Amazônia, a pupunha coevoluiu com pragas e doenças da região, mas isso não gerou tipos de pupunha resistentes a essas pragas e doenças porque a espécie sempre foi relativamente rara onde ocorria. Nos sistemas agroflorestais indígenas geralmente ocorrem de 5 a 10 plantas por hectare, enquanto nos jardins caseiros nas aldeias pode-se ter de 2 a 5 plantas por lote. A baixa densidade faz que a pupunha seja menos atacada por pragas e doenças (uma vez que essas precisam "trabalhar" mais para encontrar a próxima pupunheira). Por outro lado, a pupunha pode ser suscetível a essas pragas e doenças se plantada em monocultivo. Esse é um risco que deve ser avaliado na melhoria genética, para solucionar essa possível limitação e ao mesmo tempo atender às demandas do mercado.
Mas os povos que domesticaram a pupunha também ampliaram sua diversidade genética em toda a bacia amazônica e terras baixas do norte da América do Sul e do sul da América Central. Aliada à baixa densidade, a diversidade genética manteve a espécie em produção, a despeito da abundância de pragas e doenças. A melhoria genética continua esse processo com novos saberes e métodos.
Nesse estudo, cientistas do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) e Instituto Agronômico de Campinas (IAC) visam descrever as populações nativas usadas no agronegócio, avaliar qual a variedade ideal para esse agronegócio, qual o conhecimento atual que dá base científica à melhoria, relatar os projetos em andamento em instituições brasileiras e sugerir caminhos futuros para o aperfeiçoamento dos projetos.
Fonte: http://www.canalciencia.ibict.br/pesquisas/pesquisa.php?ref_pesquisa=150
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