quarta-feira, 28 de abril de 2010

Palmito pupunha gera renda em Ilhéus


Nativo da Amazônia, o palmito pupunha é hoje veículo de geração de renda e alternativa econômica contra a degradação ambiental na Mata Atlântica. Na região de Ilhéus, a Coopalm (Cooperativa de Produtores de Palmito do Baixo Sul da Bahia) planeja faturar neste ano R$ 14 milhões com a produção e beneficiamento de 1,5 milhão de hastes para grandes redes de supermercados, como Pão de Açúcar e Walmart. "Para 2015, a meta é no mínimo quadruplicar a produção, recuperando lavouras abandonadas e degradadas", revela Alexandre Ribeiro, diretor da cooperativa. Em cinco anos, o número de cooperados aumentou de 36 para 460, obtendo renda mensal média de R$ 1,5 mil apenas com esse produto agrícola, sem contar as demais espécies cultivadas em consórcio.
"A espécie transferida da floresta amazônica reduz a pressão sobre o palmito jussara, nativo da Mata Atlântica, e a dependência econômica da região em relação ao cacau", explica Tharic Galuchi, do Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora), responsável pelas auditorias que conferiram o selo sociambiental Rainforest Aliance a produtores locais. Na Fazenda Juliana, pertencente ao empresário Norberto Odebrecht, a pupunha é produzida em regime de parceria agrícola com 50 pequenos produtores que ganham terra dentro da propriedade, residência para a família e assistência técnica para plantar e colher. A essa produção, somam-se outras culturas amazônicas, como a seringueira, que ajuda a sombrear os plantios de cacau e melhoram a sua produtividade.
A fazenda reserva hoje 383 hectares para produzir borracha em sistema agroflorestal. "Vamos atingir gradativamente mil hectares nos próximos anos", anuncia o diretor Paulo Sérgio Santos. A estratégia é abastecer a fábrica de pneus da Michelin na região de Itabuna, onde absorve a produção de cerca de 7 mil hectares de seringueiras, a maior parte de pequenos produtores, movimentando aproximadamente R$ 7 milhões ao ano. "Atividade complementa os ganhos e contribui para tornar o cacau economicamente viável nos de padrões sustentáveis", diz Santos.
O cacau foi a primeira espécie deslocada da Amazônia para a Mata Atlântica, em 1746. Hoje também outras frutas, como o cupuaçu, a graviola e o açaí estão se adaptando ao novo bioma - tanto no sul da Bahia, como no Espírito Santo, Rio de Janeiro e em São Paulo. Até o jambu, tradicional folha usada no tacacá e outros pratos da gastronomia paraense, já é cultivado no Vale do Ribeira, interior paulista. E o mesmo acontece com espécies de peixes, a exemplo do pirarucu, transportado da Amazônia para criação em cativeiro próximo às grandes capitais.
"O risco dessa transferência não é ecológico, mas comercial e social", adverte o cientista Alfredo Homma, da Embrapa, em Belém. "Para concorrer, é preciso cultivar essas espécies em larga escala também na região amazônica." (S.A.)

Foto: Cícero Barbosa Filho
Fonte: Associação Ação Ilhéus

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